terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Desilusão

Normalmente sou uma pessoa muito optimista mas há dias em que parece que tudo vêm ao de cimo e simplesmente tudo corre mal... Deste meu mau estado de espirito resultaram as palavras amargas que aqui trascrevo:

Raiva, cólera que me possuem…passeiam em mim e se apoderam da minha consciência sempre fiel, até hoje, faz-me cuspir, bater e berra contra as paredes, contra o meu corpo. Visitante possessivo, que magoa e consome. Sopraste-me aos sentidos e deixas-te que os nervos se movimentassem freneticamente dentro de mim. Quebras a calma e deixas-me odiar a paz; endoideço e berro chorando, não quero cair, não quero sentir o frio a quebrar os meus ossos e a asfixia a sentir-se à medida que a gravidade diminui com o toque estrondoso no chão. Cai o nobre, cai o pobre e caio eu. Não quero cair tenho medo, só a ideia de ter pensado nisto faz-me odiar-te mais, nunca desistir, nunca perder a calma, tudo o resto é acessório do desespero. Não sou gelatina, não sou pedra mas corpo que sangra e mente que endoidece com o cristal cego e insensível.
Que fizeram de ti, que fiz eu a mim…não me sinto eu, não me sinto capaz de fazer um porco dançar, ele é demasiado ignóbil e não tem autonomia nenhuma. Que nojo de cheiro este a estupidez…. Vá já chega de mimar o bebé, ele em breve será um adulto intragável e desprezível, como tu. Não digas que não, jamais o poderás contrariar caso contrário irá começar a disparatar e a negligenciar a sua falta de moralidade. Nenhum porco obedece a um cristal, pode no máximo engolir em seco e ser hipócrita como todos os porcos o são. Já não me dizem nada as pessoas, já não me dizem nada os porcos e os cristais. Mais tarde ou mais cedo acabam sempre por revelar o seu lado lunar. Faz-me brilhar, faz-me fingir um sorriso falso e podre para depois ser como tu, uma desilusão encarnando o ódio.
Estou a perder o controlo de tudo, na realidade, o “eu” é tudo o que me resta.
E tu meu amor mentiste-me, afinal quebraste o prometido, não estás mais ao meu lado. Meu amigo, eu sinto que tu foges de mim, creio que a história chegou ao fim, já não me amas, apenas confundes o comodismo com o sentimento correcto.
Amei mal, mal vivi e mal encerrarei a história, sozinha como sempre desde agora.
Não tenho mais nada em minhas mãos, terei que enfrentar a verdade, terei que partir o salto e abandonar a carteira num banco de jardim. Estou tão cansada…eu tento…eu corro…e recomeço… uma e outra vez mas o meu carácter persegue-me persistentemente. Que fizeste tu de mim minha mãe ..meu pai?! Mataram desde que nasci. Cuspo no prato e nos sonhos, parece que tudo perdeu sentido – desmorono, como um mural de porcelana. Perdoem-me porque vos culpo, mas a ideia de não poder culpar ninguém faz-me sentir tão mal. Desculpa-me minha mãe, beija-me e faz-me dormir para que o sonho se apodere de mim. Como eu gostava de ser criança, como eu queria poder apagar, e não me lembrar de nada. Talvez assim pudesse esquecer-me de quem eu sou e ganhar um recheio novo cá dentro.

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