sábado, 14 de fevereiro de 2009

Devo dizer que nunca gostei muito do dia de S. Valentim, desde já pelo meu historial amoroso. O que acabava sempre por acontecer era namorar com alguém durante meses mas antes de chegar a essa data, um mês antes ou uns dias antes, acabava tudo. Inconscientemente acho que terminava para não ter que inventar “ridículas” cartas de amor. Porém uns mais que outros acabamos sempre por ser pirosos e lamechas e usar expressões como “bebé”, “fofo” (não me obriguem a dizer mais…). Todas essas palavras soam mal quando as ouvimos noutro casal ou simpesmente quando não estamos pelo beicinho...quando isso acontece tais palavras deixam de ser estranhas visitantes e passam a palavras de carinho e afecto pelo outro... Assim termino com um poema que adoro de Fernando Pessoa:

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente Ridículas.)

3 comentários:

Sunahara disse...

Viollete,

Que orgulho alguém do outro lado do oceano ler um texto meu!

Por muitas vezes eu guardo sim, minhas palavras. Porque falta-me coragem para escrever que nem você: em primeira pessoa.

Mas já estou trabalhando nisso, sem dúvidas.

Vou passar mais vezes, no seu blog.

Beijos

Anónimo disse...

Sim sraª está bonito o poema, espero é que hoje em dia ja não seja um problema, inventar as ridiculas cartas de amor.
Um bem haja para a senhora

Guilherme Silva disse...

Minha cara Violette, a pagar qualquer um é um Don Juan. :)

E sim, se vir o meu vizinho unicornio cor-de-rosa tratarei de avisar que o desejas.